António Matusse é um ícone da música moçambicana, com suas músicas de ritimo marrabenta, é nascido na província de Gaza-Chiconela, em1950.
O menino que cedo sentiu nas suas veias um pulsar artístico, aos 8 anos de idade manifestou o seu interesse pela música através da guitarra. Guitarra essa que era feita de lata de azeite e fios retirados de uma bicicleta que funcionavam como os acordes, e para a obtenção desse material, António tinha que vender ricinus para poder comprar uma lata de azeite e sequencialmente fazer uma guitarra tradicional. Para sua família soava barulho, António sempre foi um menino agitado e encontrava-se ainda na fase inicial de aprendizagem.
António nunca foi a uma escola de música, mas teve a oportunidade de aprender a tocar guitarra com um amigo de nome Feliciano Mbedane, que na altura era um pastor de ovelhas, e foi quem ensinou-lhe a marrabenta que hoje é o ritmo de todas as suas obras.
Em 1963, com 13 anos de idade, decide ir à capital do país, cidade de Maputo, sob a ajuda do Padre Fermino Fernando que optou por dar-lhe assistência escolar para permitir que desse continuidade aos seus estudos até a quarta classe do antigo sistema, mais tarde começou a trabalhar como empregado doméstico.
O ícone tocava no jardim Dona Berta todas as noites com vários amigos, até que foi ganhando mais prática e teve a oportunidade de tocar pela primeira vez uma guitarra elétrica no pavilhão do clube desportivo da Malhangalene.
Em 1970 tocou pela primeira na praça de Touros, foram duas músicas de estilo musical diferente a marrabenta, que era tendência naquela altura. Pela apresentação, o artista ganhou cerca de 500 escudos, que foram o seu primeiro retorno financeiro como músico. António Marcos em entrevista a baballute contou que todos ficaram apaixonados com a sua apresentação e viu a necessidade de formar um grupo musical composto por: Daniel Langa, Aurélio Mondlane e o seu primo de nome Diguel Dimas. A banda começou a tocar com mais frequência na Praça de Touros e assim consolidou-se a carreira musical do artista Antonio Marcos.
No mesmo ano foi convidado por António Alves de Fonseca para fazer a sua primeira gravação na “Publicidades Golo”, isso depois de ser rejeitado na rádio clube de Moçambique porque supostamente as suas músicas não eram o’que era consumido na altura.
António fez parte do projeto Mabule durante 6 anos, mas por sentir-se capaz de fazer apresentações sozinho, com a sua habilidade de compor, tocar e dançar decidiu seguir carreira solo.
Questionado sobre o motivo pelo qual faz marrabenta como o seu estilo musical até os dias de hoje, António diz que é pelo simples facto da marrabenta identificá-lo como moçambicano “Quando eu toco a marrabenta eu sinto me à vontade porque é a minha bandeira, isso identifica-me com as minhas raizes e mostra a minha mocambicanidade”.
Maengani acrescentou ainda que com o tempo as suas músicas tornaram-se ainda mais festivas e bem abraçadas pelo seu público, que chega a encher os seus eventos, o que o permite-lhe viver da música: “Tenho fãs, admiradores, seguidores, amigos amantes da área musical que abraçam-se, por isso vivo da música, tudo que eu sou é da música. Sustento a minha família através da musica”.
Sobre os desafios da sua carreira o ícone da música moçambicana acredita que tudo passou de uma escola da vida e que dos tantos, como por exemplo, ter que atuar e não ser pago, nunca desistiu da sua arte, continua a escrever a sua história que hoje faz parte do patrimônio de Moçambique.
Mas, de onde vem a inspiração de António Marcos? “Eu sonho, vejo, converso e oiço as questões e preocupações que as pessoas têm e faço musica” respondeu o rei da marrabenta.
António é um artista moçambicano que marca a sua presença em palco desde o seu vestuário, performance e sempre contou com o apoio da família. Teve a oportunidade de internacionalizar a sua carreira musical e espalhar por alguns países um pouco da cultura da zona sul de Moçambique, a Marrabenta.