A história do cantor moçambicano Aly Faque é marcada por uma notável força de superação advinda de sua condição de vulnerabilidade em uma sociedade onde o albinismo é objeto de preconceito e graves violações para com seus portadores. Ainda em decorrência do albinismo, ele teve de abandonar os estudos em 1983, quando cursava a 5ª Classe do período noturno na Escola Secundária de Nampula. Os problemas de visão congênitos aos portadores dessa anomalia orgânica acabaram por dificultar seu processo de aprendizagem. Diante de tais adversidades, Aly Faque decidiu apostar nas atividades que já desempenhava como músico amador, nas ruas da cidade de Nampula, desde o início da década de 1980. Nesse período, ele foi fortemente influenciado pela música popular da época, pela música tanzaniana e pelas tradições das danças típicas da Província de Nampula, como o tufu e n’sope, além das canções dos filmes indianos, que imitava mesmo sem saber falar hindi.

A aprendizagem musical do artista deu-se principalmente de forma autodidata, resultado do encerramento da Escola de Música de Nampula no início da década de 1980, onde ele pretendia estudar música. No entanto, durante suas atuações como músico de rua, teve a oportunidade de conviver com os músicos da Escola Militar de Nampula, com quem desenvolveu sua aprendizagem musical e prática de conjunto.

A partir da segunda metade da década de 1980, a crise da indústria musical em Moçambique se agravou, o que resultou em maiores barreiras para os músicos nacionais em termos de possibilidades de gravação. Com o apoio de Stewart, Aly Faque pôde acessar o único estúdio profissional de gravação da Rádio Moçambique na época, e como prova de seu talento e tenacidade, logo no ano seguinte à sua chegada, em 1996, foi galardoado com o Prêmio Revelação no Ngoma Moçambique, com a canção “Tufo wa Moçambique”.

Aly Faque participou de vários álbuns, destacando-se “Massiquine” (2000), “Habibi” (2008), “Likorea” (2015) e “Kinachukuro” (2015, com Paul Hammer e Jimmy Dludlu). Ele também tem músicas em coletâneas como “Tales of Mozambique” (2006, com Jimmy Dludlu), “40 Anos de Música Moçambicana” (2014) e “África Unida” (2018, com Ray B).

Ele recebeu vários prêmios, como o Prêmio Revelação no N’goma Moçambique em 1995, o 2º Prêmio de Imprensa em 1997, três vezes o 3º prêmio de Melhor Voz entre 1999 e 2003, e em 2010 e 2013 o prêmio de Melhor Voz Masculina, além do Prêmio Carreira em 2016.