O cantor moçambicano intitulado rei da marrabenta Dilon Ndjindji, é nascido a 14 de agosto de 1927 em Marracuene, na provincia de Maputo, emergiu como um dos mais proeminentes e reverenciados ícones da música moçambicana. Sua vida e carreira de mais de sete décadas são um testemunho da profunda conexão entre sua alma e a essência pulsante da Marrabenta, um dos estilos musicais mais emblemáticos e influentes do país.

Desde tenra idade, Dilon mostrou uma afinidade notável pela música. Aos doze anos, ele construiu sua própria guitarra de três cordas usando uma lata de azeite, uma demonstração precoce de sua paixão e criatividade. Esse primeiro passo modesto, logo se transformou em uma jornada musical extraordinária que o levou a se tornar em um compositor, intérprete, coreógrafo e bailarino.

Ao longo de sua vida, Dilon foi testemunha e participante activo da evolução da Marrabenta. Ele viu o estilo crescer e se transformar, absorvou as influências das migrações entre Moçambique e a África do Sul, como reflexão das suas experiências das comunidades rurais e urbanas, até que começou a capturar a essência da vida cotidiana através de suas melodias vibrantes e ritmos cativantes.

Da sua história, consta que, em 1945, concluiu os estudos secundários e a seguir frequentou um curso de estudos bíblicos na Missão Suíça, em Marracuene. Em 1947 foi pastor na Ilha Mariana, actual Ilha Josina Machel, na província de Maputo.

Em 1950, foi trabalhar como mineiro para a África do Sul, de onde regressou definitivamente em 1954 para Moçambique. Em 1958 Dilon Ndindji junta-se a sua actual esposa Alice Macanane, com quem começou a dançar nos anos 60 quando criou o seu próprio grupo musical ‘’Estrela de Marracuene’’. Com sua esposa Dilon Ndjindji teve oito filhos. É avó de mais de 20 netos e bisavó de mais de 10 bisnetos.

Gravou o seu primeiro álbum, denominado “Xiguindlana”, em 1973, através da casa discográfica Produções 1001, Dilon se notabilizou pelo seu espírito energético e protagonista com músicas que retraram situações sociais. É impossível descreve-lo sem mencionar sucessos musicais como “Podina”, “Maria Teresa”, “Muhinhana” e “Marracuene”.

Em 1994 ganhou o N’goma Moçambique, um concurso da Rádio Moçambique, na categoria de Canção Mais Popular, com a música “Juro Palavra d’Honra, Sinceramente Vou Morrer Assim

Já foi homenageado por diversas instituições públicas e privadas do país. O destaque vai para a “Medalha de Mérito de Artes e Letras”, atribuída pelo Governo.

Em 2004 participou do filme “Marrabentando – As Histórias que a Minha Guitarra Canta”, Juntamente com António Marcos, produzido por Karen Boswell. Em 2013 foi publicado o livro “Vida e Obra de Dilon Djindji”.

A sua carreira internacional começou em 2001, como membro do grupo Mabulu. E em 200 gravou o seu primeiro trabalho internacional, a solo, ‘’Dilon’’. O seu talento é incontestável e reconhecido por vários músicos. Dilon é também membro da Associação dos Músicos Moçambicanos

Participou na criação e em todas as edições do Festival Marrabenta e demais espetáculos no país e no estrangeiro.

Dilon Ndjindji é considerado o rei da marrabenta e construiu um legado duradouro não apenas na cena musical moçambicana, mas também na consciência coletiva do povo moçambicano. Suas canções, como “Podina”, “Maria Teresa”, “Muhinhana” e “Marracuene”, não apenas entretêem, mas também servm como crônicas das experiências sociais e culturais do país.

Hoje, aos 96 anos de idade, Dilon Ndjindji continua a ser uma figura venerada e respeitada dentro e fora de Moçambique. Seu impacto na música moçambicana é inegável, e seu compromisso com a preservação e promoção da Marrabenta permanece inabalável. Sua vida é um testemunho vivo da riqueza e da diversidade da herança musical de Moçambique.