Os 40 anos de carreira do cantor Stewart Sukuma foram comemorados sob chuvas de afectos, que permitiram que os fãs e admiradores do artista se conectassem aos ritmos moçambicanos e resgatassem sua identidade cultural.
“Este concerto serve de agradecimento aos fãs, amigos, parceiros, colegas ou companheiros que ao longo dos 40 anos me permitiram sonhar e construir uma carreira da qual me orgulho profundamente. Por isso, este espetáculo serve para devolver parte do que consegui conquistar ao nível de reconhecimento e popularidade a quem me trouxe a este lugar, o povo moçambicano. E em tempos difíceis, aprendi que devemos cuidar uns dos outros. O povo sempre cuidou de mim, e agora é a minha vez de o fazer. Toda a receita será canalizada para quem mais necessita”, disse Stewart Sukuma.
O que durou cerca de 5 horas de música, dança e muito afecto, superou as expectativas do artista. Sukuma compartilhou que foi uma preparação para ver a consistência dos músicos e acrescentou ainda que, no espetáculo, notou-se que os artistas precisam se preparar mais para alcançar a pressão e conseguir fazer um show que dura 4 ou mais horas.
Sizaquel Matlhombe, cantora moçambicana, foi corista de Sukuma durante 14 anos e teve a oportunidade de partilhar o palco com Stewart sob o tema “Ulombe“. “Falar de Stewart é falar de uma relíquia e eu, graças a Deus, tive o privilégio de fazer parte deste elenco e comemorar os 40 anos da música”, partilhou a cantora.
Já para Valdimiro José, o concerto não foi apenas a celebração dos 40 anos de carreira, mas também da cultura moçambicana. “Nós tivemos aqui não só na questão de festejar os 40 anos, mas para também pensar em um todo Moçambique dentro da arte”.
No concerto musical, Stewart cantou diversos temas que marcam sua trajetória, assim como sua mais recente obra intitulada “Ezamany Kim’bediwa” (“A Tradição Comanda a Vida!”). Para o cantor, esta música surge como resposta a um polêmico post de Facebook onde se discutia a legitimidade dos vivos homenagearem seus entes queridos já falecidos com cerimônias tradicionais que não as convencionais. Stewart Sukuma referia-se neste caso ao “Mucuto”, uma cerimônia muito praticada em Quelimane para recordar entes queridos já falecidos.
De regresso às raízes mais profundas com este “Nhambaro” genuíno, Sukuma recorreu de novo ao músico Quelimanense Armindo Salato que colaborou na confecção da letra e melodia, com Nelton Miranda no baixo e guitarra adicional, Stelio Mondlane na bateria e Shico Fortuna na programação e teclados. Para Sukuma, os verdadeiros heróis desta composição são os músicos tradicionais Serafim e companhia, que formam um grupo de músicos Quelimanenses radicados na Cidade da Matola (ANIMA NA HORA), que com Stewart Sukuma numa tarde projetaram o magnífico resultado desta música com sua Mambira e seus batuques tradicionais.
O programa comemorativo dos 40 anos de carreira de Stewart Sukuma foi lançado em 2022, o qual se traduziu em uma série de projectos e iniciativas abrangentes, destacando-se pelo seu engajamento em questões ambientais, cidadania, equidade de gênero e direitos humanos.