O cantor Moçambicano Gasso Franco conversou recentemente com a baballute sobre os objectivos da sua turnê em Portugal. Gasso conta com sensivelmente 15 anos de carreira dos quais 10 anos são da Internacionalização da mesma, com vários trabalhos e reconhecimentos feitos, o artista versatil em termos de estilos musicais partilhou connosco vários pontos interessantes. Acompanhe à seguir os seus argumentos e posicionamentos.
Com aproximadamente 15 anos de carreira, como é que se descreve quando alguém pergunta quem é Gasso?
Vejo-me como reverente porque eu sou um artista contemporâneo, os anos passam e eu com muita facilidade consigo me adequar. Além de ser reverente eu sou um artista muito criativo e persistente, digo isso porque o tempo passa e novos artistas surgem nacional assim como internacionalmente, a música vai mudando gradualmente mas eu continuo lá enquadrado, acho que estou aqui a fazer o meu papel que é contribuir para a nossa cultura até onde eu puder.
Tivemos conhecimento através das redes sociais que o artista Gasso Franco está em uma turnê em Portugal, qual é o objectivo da sua turnê e em que países pretende chegar?
Primeiro, eu não venho aqui há pouco mais de 4 anos por causa da Covid, vim para revitalizar a minha carreira que já havia sido consolidada, gravar novos trabalhos, preparar novas matérias. Mas não é uma turnê como as outras em que eu vinha para fazer shows e voltar a Moçambique, desta vez vim para ficar.
Respondendo a segunda questão, pretendo ir para o mais longe onde eu puder, eu acho que a música vai nos levar para onde nós queremos estar, eu já não estou em altura de sonhar em cantar nos Estados Unidos, porque é um lugar onde se eu tiver que ir irei, por exemplo, já cantei na França e na Suíça, então sei que hei-de cantar nos Estados Unidos, na Nigéria assim como em qualquer parte do mundo, estou posicionado para receber uma chamada de Dj Khaled e avançarmos. Já preparei a minha mente para estar nesses altos voos.
Qual é a recepção que está a ter em Portugal?
Portugal é praticamente a minha segunda casa, hoje em dia já não me é surpreso estar cá. A recepção é das melhores, sinto-me como se estivesse a cantar em Moçambique, porque sinto o mesmo calor. Agora, é normal que haja um show em que não corre tão bem, isso porque o ambiente pode não estar bom mas a casa estar cheia assim, como a casa pode não estar tão cheia mas o ambiente ser dos melhores. Mas sou muito bem acarinhado que só me resta agradecer.
Uma vez que já esteve na Europa e está com a carreira sólida, porque decidiu voltar para ficar?
Eu acreditava muito na ideia de que pudéssemos ter um país melhor em termos de cultura, sinto que tivemos algumas mudanças em termos de cantores, mas algumas coisas não evoluíram que no final eu decidi que tinha que voltar. Também tive a pressão da minha família que sempre dizia que tinha que voltar, assim como os meus fãs e nesses anos todos era eu a lutar contra todos, querendo ver o meu país a crescer.
Uma vez que é moçambicano e está a viver fora com o objectivo de manter o seu trabalho saudável, de que forma esse feito pode contribuir para o crescimento da cultura do seu país?
Deus às vezes dá missões que para operar deves sair do terreno, e às vezes é sobre você ir criar condições para que o terreno esteja controlado. Eu posso ser o combustível para os outros artistas que sonham em fazer carreira internacional, mas já não posso ser o combustível destro do meu país como artista para artistas que já são artistas como eu, porque todos estamos a lutar pelo mesmo pão, então vamos deixar o Mr Bow com a coroa enquanto nós procuramos a coroa do mundo.
Gasso é um artista pouco interactivo nas suas redes sociais, apesar de ter muitos fãs prefere o carrinho mais tradicional que permite fotos e abraços. Porquê dessa preferência?
Tens músicos que não têm muitos seguidores mas têm as músicas a bater, assim como temos os que têm muitos seguidores mas as músicas não são tão consumidas. Com isso, cria-se uma percepção de que o artista está a bater muito por conta das redes sociais, com isso, as redes sociais podem permitir uma comunidade que proporciona likes mas não espectadores num show. Este é um dos motivos pelos quais eu não sou tão viciado pelas redes sociais mas estou a aprender a usar e ser um pouco mais interactivo com os meus fãs.
Vimos que é considerado o “Rei Da Caneta” a que se deve o título?
Disso não devia ter dúvida! Esse termo quem trouxe fui eu, tu quando fazes o trabalho que fazes e sabes o nível do trabalho que fazes precisas de uma expressão que te põe na selva para te olharem e questionarem, com as questões vão a fundo para saber se é realmente verdade e quando vão a fundo vão descobrir que realmente é o rei, por isso, tens que te impor. Cada um vai levantar as dúvidas e vão debater sobre uma coisa que você é quem criou, isso é Show busy e vende. Acho que falta isso no isso entretenimento, o nosso show busy não está construtivo, é um entretenimento de fofoca que não trás uma comparação motivacional.
Em 2017 lançou o álbum Mula 2, dois anos depois lançou o álbum “Poeta dos 30 anos” que foi “sucedido” pelo álbum “Malandro” lançado em 2023. Qual dos seus álbuns considera como o melhor?
Todos merecem um grande destaque porque cada época e cada música marcam a minha trajectória, fazem parte de uma memória e uma época, cada música representa um momento dentro dos álbuns. Por exemplo, o meu primeiro álbum lançado em 2017 é o que me marcou pois era o começo de muitos. O meu último álbum representa o meu melhor momento como artista, praticamente mostra-me que venho de longe mas continuo a responder às exigências do mercado, além disso, conta com participações de varios grandes artistas, porém acredito que ainda precisa de muita exposição
Actualmente o cantor lançou a música ”Há Esperança”, como surgiu a motivação para a composição da música e como foi a gravação?
A música Há Esperança foi um presente que decidi oferecer aos seus fãs, a inspiração para a composição da música partiu através de um jovem que falava sobre a esperança num modo geral, daí que decidi compor porém num contexto amoroso. Na gravação do vídeo tentamos fazer algo diferente, em que a pessoa está num lugar isolado a falar com o universo e rodeado pela natureza. A música retrata uma declaração de amor de um homem a sua amada e o tema está centrado em não perder a esperança. “Há Esperança” está a ter uma grande recepção e por isso agradeço bastante.