Em um país onde a música é uma parte intrínseca da identidade cultural, uma figura se destaca como um verdadeiro ícone: Mingas. Elisa Domingas Salatiel Jamisse nascida em 13 de setembro, teve sua jornada desde os corais da Igreja Metodista Unida da antiga Lourenço Marques, atual Cidade de Maputo.
A educação religiosa de Mingas na igreja forjou as bases de sua futura carreira musical. Desde tenra idade, sua voz encantava os fiéis, o que permitiu que ela se destacasse nos corais infantil e juvenil.
Aos 17 anos, Mingas teve seu primeiro grande momento ao participar da audição para o espetáculo “Foguetão”. Sua interpretação da canção “I dont know how to love him”, de “Jesus Christ Superstar”, impressionou os produtores, e garantiu-lhe um lugar no palco do prestigiado Cine Estúdio 222.
O sucesso de Mingas se consolidou rapidamente, com convites para se apresentar regularmente no “Sheik”, uma das discotecas mais populares de Maputo. Sua voz poderosa e presença de palco cativaram o público, oque permitiu que a artista se tornasse em uma figura incontornável na cena musical da capital.
Uma das maiores demonstrações de sua resiliência foi sua participação em uma digressão pelo país, com exceção de Niassa, com o Grupo Hokolokwé.
Em 1987, integrou a Orquestra Marrabenta Star de Moçambique e posteriormente o Grupo RM. Com ambos, realizou digressões internacionais, em espetáculos do movimento Beat Apartheid e compartilhou o palco com artistas de renome. Sua carreira internacional foi impulsionada por prêmios, como o ‘Grand Prix Decouvertes 90’ da Rádio France Internationale. Mingas também foi reconhecida por sua contribuição à música moçambicana, recebendo prêmios como Melhor Cantora e Canção do Ano.
Mingas, além de sua carreira musical de destaque, também se envolveu em projetos cinematográficos e iniciativas humanitárias ao longo de sua trajetória. Colaborou com Sol Carvalho na trilha sonora de filmes como “A Guerra de Todos Nós” e “O Jardim do Outro Homem”. Paralelamente, dedicou-se a causas humanitárias, organizou espetáculos beneficentes para as vítimas do ciclone Nádia em 1994 e das explosões do Paiol de Malhazine em 2007. Além disso, contribuiu com a canção ‘Xini Xiku Kluphaku’ para o disco “Vidas Positivas” da Médicos Sem Fronteiras, abordando a prevenção de HIV e AIDS. Após ser convidada por Miriam Makeba para acompanhá-la em digressões internacionais entre 1995 e 1998, Mingas subiu aos palcos de renome mundial, como a Sydney Opera House. De volta a Moçambique, organizou o espetáculo “Saudades” em 2001, e marcou seu retorno triunfante à cena musical local. Em 2005, lançou o álbum ‘Vuka Africa’, seguido por um DVD comemorativo em 2009, em celebração dos seus trinta anos de carreira.
Em 2023, o Marrocos Bay, responsável pela produção da terceira edição do concerto “Moz Legends Moments”, homenageou a cantora Mingas pelos seus feitos na música moçambicana. A artista continua a consolidar o seu reconhecimento e sua contribuição para a cena musical do país.