A Music Crossroads Moçambique deu arranque esta terça-feira, 5 de março de 2024, a primeira edição do festival A Mulher Criativa sob o lema: Celebrando a criatividade da mulher criativa. O festival que tem a duração de quatro dias proporciona debate, consciencialização, música e troca de experiências entre artistas, estudantes das artes e a sociedade em geral.

Segundo a Presidente da Federação  Moçambicana Das Indústrias Culturais E Criativas, Melita Matsinhe, o evento tem como objectivo a elevação do contributo da mulher para o desenvolvimento do sector criativo.

A presença da mulher nas artes é marcado por vários desafios, com a iniciativa pretende-se compreender as dificuldades e aprimorar as qualidades de forma a contornar uma das principais barreiras que as mulheres sofrem no sector criativo, que é a desigualdade social: “nos vivemos em sociedades desiguais, secularmente os homens estão na frente dos processos, chegaram primeiro no espaço público e por isso têm sido considerados os ícones e aparecem em destaque, se compreendermos essa dinâmica vamos perceber porque as mulheres estão em lugares de trás e alavancar o grupo das mulheres na indústria cultural e criativa.” Disse Rosalina Nhachone docente universitária de artes.

No evento, alguns artistas tiveram a oportunidade de partilhar na primeira pessoa os desafios do sector. Sizaquel Matlhombe, vocalista da banda K-10, contou como tem sido difícil sobreviver artisticamente por motivos da falta da valorização artística: “Precisamos descobrir formas de nos descobrir  na área cultural, todos os dias temos lutado para descobrir formas de ganhar dinheiro, os artistas têm que se “phandar” para sobreviver artisticamente”.

Falta de sistemas que permitam que os trabalhos sejam firmes, falta de leis específicas que defendem os artistas, falta da participação e inclusão da mulher nos processos criativos são também algumas dificuldades partilhadas pelas artistas.

De referir que o festival é uma inspiração do projeto LOUD, projeto de empoderamento das mulheres implementado desde 2014, com a missão de educar e capacitar jovens raparigas e mulheres em Moçambique sobre a importância da inclusão feminina no setor musical na África Subsaariana. Após anos de implementação do projeto LOUD, surgiu a necessidade de criar uma plataforma maior que reunisse mulheres de todos os setores da indústria criativa para discutir, trocar ideias e colaborar em vários temas que continuam a afetar a participação feminina na indústria criativa, daí o surgimento do festival A MULHER CRIATIVA.