Moçambique, um país rico em diversidade cultural e histórica, abraça a cada geração um grande número de artistas, desde músicos até escritores. O que me permite dizer que a juventude é a esperança certeira do desenvolvimento cultural do país, que é consequentemente do mundo. Mas, à medida que esses artistas envelhecem, o panorama cultural pode mudar significativamente.
Para muitos artistas moçambicanos, a juventude é um período de luta e perseverança. Eles enfrentam desafios como a falta de infraestrutura cultural adequada, financiamento limitado e oportunidades de exposição restritas. No entanto, é durante esses anos que sua criatividade muitas vezes floresce, inspirada por questões sociais, políticas e culturais que moldam sua arte.
Recentemente, através de uma reportagem da TVM, o país ficou ciente do desejo do grande ícone da música moçambicana, Dilon Djindji, que ainda mantém a vontade de subir aos palcos e fazer o que fez há anos: cantar, alegrar e contar histórias através da música. Mas, por questões de saúde, encontra-se impossibilitado. Porém, importa referir que o mesmo caso não acontece apenas com o Dilon, mas com vários outros artistas. Outros não estão afastados apenas por questões de saúde, mas pela criatividade que já se foi com a idade.
À medida que envelhecem, esses artistas podem enfrentar pressões adicionais. A sustentabilidade criativa se torna uma preocupação crucial. Muitos artistas lutam para manter a energia criativa e para garantir que sua voz continue a ser ouvida em um cenário cada vez mais competitivo e globalizado. Além disso, há o desafio de manter relevância e impacto em uma sociedade que muitas vezes valoriza mais o novo e o emergente do que o estabelecido.
Mas há quem pode se questionar se a fama e o sucesso devem ser limitados apenas à juventude. Bom, é importante notar que a passagem da juventude não significa o fim da contribuição de um artista para a cultura moçambicana. Muitos artistas mais velhos trazem consigo uma riqueza de experiência e sabedoria acumuladas ao longo dos anos.
O afastamento deste icônico dos palcos, devido a questões de saúde, pode ter vários impactos negativos na cultura de Moçambique. Principalmente, a perda de tradição e património cultural, pois ele é um dos principais expoentes da marrabenta.
A música é crucial para a identidade cultural. Sem figuras importantes como o Dilon, a identidade cultural e a coesão social podem enfraquecer. Portanto, é vital valorizar e apoiar artistas assim, para garantir a continuidade da rica tradição musical de Moçambique.
Para apoiar esses artistas, é fundamental que a sociedade e as instituições culturais desempenhem um papel activo. Isso inclui a criação de políticas culturais inclusivas, o estabelecimento de programas de financiamento sustentáveis e a promoção de oportunidades de formação e desenvolvimento para artistas de todas as idades.